Poze do Rodo é solto após prisão por apologia ao crime e suposta ligação com o CV

O cantor Poze do Rodo, um dos principais nomes do funk nacional, foi solto nesta terça-feira (3) após ser preso por suspeita de apologia ao crime e possível ligação com o Comando Vermelho (CV). A detenção aconteceu no dia 29 de maio e gerou forte repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões entre apoio à medida judicial e críticas por racismo e criminalização do funk.
Segundo o Ministério Público, Poze teria participado de festas organizadas por membros da facção em comunidades como o Complexo do Alemão e a Cidade de Deus, eventos marcados pela exibição de armas de fogo. Além disso, suas músicas, com letras que retratam a realidade das favelas cariocas, foram interpretadas como possíveis formas de incentivo ao crime.
O que é apologia ao crime?
De acordo com o advogado penalista Glauco dos Reis Silva, apologia vai além da simples narrativa da realidade. “Para que haja crime, é necessário que exista exaltação pública e intencional de práticas criminosas ou criminosos”, explica. O Código Penal prevê pena de até seis meses de detenção ou multa.
Silva reforça que a liberdade de expressão, apesar de constitucional, não é ilimitada. Quando há estímulo a crimes ou apoio explícito a facções, como o CV, a linha é ultrapassada. Ainda segundo o especialista, apenas mencionar crimes em letras musicais não caracteriza crime — é preciso haver incitação direta.
Envolvimento com facção pode configurar outros crimes
Caso se comprove que os shows de Poze foram financiados com dinheiro do tráfico, ele pode responder por lavagem de dinheiro e associação criminosa. “Não é crime cantar em um baile, mas se houver ciência da origem ilícita do pagamento, o vínculo pode ser considerado criminoso”, explica o advogado.
Poze pode processar o Estado?
A prisão de Poze do Rodo também gerou críticas sobre a condução policial, com acusações de uso indevido de algemas e abuso de autoridade. Famosos como MC Daniel e Filipe Ret se manifestaram em defesa do funkeiro.
Segundo Glauco dos Reis, Poze pode sim abrir processo contra o Estado do Rio de Janeiro, caso se comprove algum excesso. Isso poderia gerar indenização por danos morais e materiais.
E agora? O funkeiro responde em liberdade
Poze foi libertado após concessão de habeas corpus, mas segue respondendo ao processo. A Justiça impôs medidas cautelares como a proibição de sair do país e de frequentar determinados locais.
Silva ainda aponta que eventuais antecedentes criminais do artista podem influenciar decisões futuras, como o agravamento de pena em caso de condenação. No entanto, reitera: “ninguém pode ser condenado sem provas claras no processo atual”.
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