A Odisseia: filmagens no Saara Ocidental geram polêmica

Christopher Nolan é criticado por gravar em território sob ocupação militar

O aguardado filme A Odisseia, dirigido por Christopher Nolan, já está chamando atenção não apenas pelo elenco de peso e filmagens em IMAX, mas também por uma grave controvérsia política.

A superprodução, estrelada por Matt Damon, Zendaya, Tom Holland, Robert Pattinson, Charlize Theron, Lupita Nyong’o, Anne Hathaway, entre outros, adaptará o clássico grego de Homero e tem estreia prevista para 16 de julho de 2026 no Brasil. No entanto, parte das gravações ocorreu no Saara Ocidental, região ocupada militarmente pelo Marrocos e considerada território não autônomo pela ONU.

Reação internacional e críticas à produção

O uso da cidade de Dakhla como locação despertou protestos de organizações como a FiSahara (Festival Internacional de Cinema do Saara Ocidental), que emitiu um comunicado afirmando que a presença da equipe de Nolan contribui involuntariamente com a repressão ao povo saaraui.

“Dakhla é uma cidade ocupada e militarizada. Filmagens de alto orçamento nesse território ajudam a legitimar a ocupação marroquina e silenciam os cineastas indígenas”, alertou o festival.

O Saara Ocidental é uma das últimas colônias do mundo. A Espanha se retirou em 1976 e, desde então, o Marrocos assumiu o controle da região — que não é reconhecido internacionalmente como governante legítimo. A área é amplamente fechada à imprensa, sendo chamada pela Repórteres Sem Fronteiras de “buraco negro de notícias”.

Posição de Nolan e do estúdio

As gravações em Dakhla duraram apenas quatro dias, e até o momento Nolan e a Universal Pictures não se pronunciaram oficialmente sobre o episódio. O comunicado da FiSahara reconhece que o cineasta pode não estar ciente da repressão, e por isso optou por um tom de alerta, não de condenação.

A entidade reforça que cineastas saarauís não têm liberdade para contar suas próprias histórias. “Esperamos que Nolan compreenda a gravidade da situação e que produções futuras não reforcem narrativas opressoras”, finaliza o texto.




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